Primeira amazonense em Stanford
foi aceita no segundo ano do Ensino Médio
A manauara Isadora Pinheiro foi a
primeira amazonense aprovada na instituição. Seu objetivo é usar a formação em
Engenharia para resolver problemas ambientais na região.
Por
Priscila Bellini
A amazonense Isadora Pinheiro se
interessou desde cedo pela Universidade Stanford. Já no primeiro ano do
ensino médio, Isadora começou a se preparar para o processo seletivo das
universidades americanas. Ao fim do segundo ano, fez a application e,
para sua surpresa, foi aceita mesmo sem ter concluído o Ensino Médio. Agora, a
estudante prepara-se para embarcar para a universidade, que fica em Palo Alto,
na Califórnia.
Nascida em Recife, Isadora
mudou-se para Manaus aos 6 meses de idade. Ela supõe que as origens manauaras
ajudaram no processo de seleção. Como o número de aprovados para escolas
americanas ainda é menor na região, a resposta positiva de Stanford ganhou
destaque. “Vários amigos meus me ligaram, pessoas com as quais eu não falava há
muito tempo vieram me parabenizar, jornais locais anunciaram minha aprovação”,
conta a estudante. “Uma moça que mora no meu prédio até colou uma foto minha do
jornal no elevador”, ri.
Eu percebi que, em um país onde
os grandes centros ficam no eixo Sudeste-Sul, ser aprovada em uma universidade
como Stanford mostra que barreiras podem ser vencidas
Não foi um resultado que chegou
com facilidade. Desde o primeiro ano do colegial, Isadora procurava informações
sobre estudar fora, que muitas vezes vinham fragmentadas. Quando decidiu
encarar o processo, com o apoio de uma consultoria especializada da capital
amazonense, achou o processo “desgastante”. Isadora conta que demorou semanas
pensando no seu essay principal, para falar de si mesma. Por fim, com a
boa notícia vinda de Stanford, ela decidiu completar o último ano do ensino
médio com um supletivo, e abraçar a oportunidade na Califórnia. “Eu percebi
que, em um país onde os grandes centros ficam no eixo Sudeste-Sul, ser aprovada
em uma universidade como Stanford mostra que barreiras podem ser vencidas”,
destaca.
Em vez de decidir qual área
deseja estudar de imediato, ela optou pela categoria “undecided” no
processo de seleção. Isso porque a universidade oferece um leque amplo de
matérias para os estudantes, que podem escolher depois qual formação lhes
interessa mais. No caso de Isadora, o palpite mais certeiro é a engenharia.
“Desde que consigo me lembrar adoro números, eles sempre pareceram muito
naturais para mim. Eu adorava aprender sobre fórmulas e gráficos e operações e
sempre tive um relacionamento muito bom com meus professores nessa área”,
conta.
Com a formação em Stanford, a
intenção de Isadora é mirar os desafios que encontra no Brasil — em especial,
os que observa na capital amazonense. “A quantidade de igarapés poluídos, por
exemplo, é impressionante. Quase ninguém percebe que o que temos aqui, como o
rio Negro, o rio Amazonas, as florestas e os igarapés, são importantes a nível
mundial”, explica a estudante. Por isso, unindo o gosto pelos números ao
recém-descoberto interesse pelas áreas biológicas, Isadora aposta em uma
carreira voltada para a engenharia ambiental. “Pretendo aprender sobre filtros
de água, recuperação de fontes poluídas, desenvolvimento sustentável e aplicar,
principalmente, na minha região”, resume.
Ela espera que sua conquista
possa motivar mais estudantes do Norte do país a se candidatar às universidades
estrangeiras. E, claro, mostrar que a região é muito mais do que os
estereótipos e lugares comuns usados para descrevê-la. “Em Manaus, falta muita
coisa, como infraestrutura, interesse por parte do resto do país e
investimento. Mas não falta gente com potencial”, resume Isadora.
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