“Minha sorte foi não ter ido para Harvard ou Princeton”, diz o matemático Artur Ávila

 O ganhador da Medalha Fields fez seu mestrado e doutorado no IMPA, no Rio de Janeiro. "Nos Estados Unidos eles muito cedo planificam", afirma. Confira o vídeo!


Por Nathalia Bustamante
A Medalha Fields é o maior prêmio da matemática. Conhecida como o “Nobel” da área, é concedida a cada quatro anos a pesquisadores de destaque com menos de 40 anos. Até hoje, apenas um latino-americano foi agraciado com este reconhecimento: o carioca Artur Avila, de 37 anos.

Artur, que fez sua graduação e doutorado simultaneamente no Rio de Janeiro, afirma que dificilmente as coisas aconteceriam tão bem caso ele tivesse ido para universidades do exterior durante a graduação. “Todo dia você vai ter várias opções de super palestras e você pode se afogar naquele mundo de opções e também pode se intimidado chegando prematuramente nesta situação”, argumenta ele.

Nos Estados Unidos eles muito cedo planificam, têm uma obsessão com rankings
Esta declaração foi dada em uma entrevista concedida ao cineasta João Moreira Salles no evento comemorativo de 25 anos da Fundação Estudar. Durante o bate-papo, o matemático afirma que ignorava completamente os rankings universitários e critica os Estados Unidos por sua obsessão com rankings. “Eu estava fazendo sem muita preocupação, simplesmente tentando aprender mais matemática”, argumenta.

Após a conclusão do seu doutorado – aos 22 anos – Artur foi fazer o seu pós-doutorado em Paris. Sair do Brasil, ele explica, foi importante, “mas, ao chegar lá, já estava preparado para estar naquela situação”, completa.

De Olimpíadas de Matemática ao reconhecimento internacional
A trajetória de Artur começou com olimpíadas de matemática na época de escola. Na sétima série (atual oitavo ano) participou de três competições internacionais. Ganhou ouro em todas.

Enquanto fazia sua graduação na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), simultaneamente cursava mestrado e o doutorado em matemática no Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (IMPA). Aos 19 anos começou sua tese de doutorado baseada na teoria de sistemas dinâmicos. “O ambiente para mim não era intimidador. Eu tinha medos, de começar a fazer pesquisa, de não conseguir fazer uma tese… e isso é normal, mas nada esmagador”, relembra.

Hoje, Artur divide as funções de diretor de pesquisa em dois importantes institutos: o Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), em Paris, e o Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa), no Rio de Janeiro.



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