Maria van Kerkhove, líder técnica do programa de emergências da OMS — Foto: Christopher Black/OMS



A chefe do programa de emergências da Organização Mundial de Saúde (OMS), Maria van Kerkhove, afirmou nesta segunda-feira (8) que a transmissão da Covid-19 por pacientes sem sintomas da doença parece ser "rara". A fala no entanto, foi alvo de críticas de pesquisadores (leia mais abaixo), o que levou Maria a, horas depois, fazer ressalva sobre a diferença entre os assintomáticos e os pré-sintomáticos, que são as pessoas que vão desenvolver algum sintoma da doença.


Ao falar de transmissão aparentemente "rara" dos assintomáticos, Maria argumentava que a contenção da transmissão da Covid-19 pode ser mais rápida com a localização e o isolamento dos casos sintomáticos. Ao analisar o tema, Maria citava países com grande capacidade de testagem e rastreio.


A representante da OMS também ponderou que, em alguns casos, quando uma segunda análise dos supostos casos assintomáticas é feita, descobre-se que os pacientes tiveram, na verdade, leves sintomas da infecção.



A declaração da chefe do programa de emergências foi criticada por pesquisadores por ter soado ambígua. Entre os críticos que ajudaram a esclarecer o pronunciamento esteve o diretor do Instituto de Saúde Global da Universidade de Harvard, Ashish K. Jha.


O pesquisador da universidade norte-americana argumentou no Twitter que infectados que não apresentam sintomas são uma forma importante para a transmissão da Covid-19. Muitos deles podem transmitir o vírus antes de apresentar os sintomas, segundo o estudioso.


"Muitos deles já espalham o vírus antes de desenvolver sintomas", disse Jha. "Eles são, tecnicamente, pré-sintomáticos e não assintomáticos."


Ele explicou que apenas 20% dos infectados não desenvolverão nenhum sintoma. Os outros 80% poderão desenvolver sintomas leves ou mais duros da doença. O pesquisador de Harvard também ponderou que a OMS diferencia os dois casos e ressaltou que há mais casos de indivíduos pré-sintomáticos que assintomáticos.










Diferença entre sintomáticos e assintomático



Diante das críticas e dúvidas, horas depois da declaração, em seu perfil no Twitter, Maria van Kerkhove reforçou que há diferença entre pacientes assintomáticos e pré-sintomáticos. Além disso ela recomendou a consulta ao guia da OMS publicado na sexta (5), que trata do uso de máscaras para a proteção.


No documento, a entidade diz que "estudos mais abrangentes sobre a transmissão de indivíduos assintomáticos são difíceis de conduzir", mas cita um trabalho como exemplo. A pesquisa aponta que, entre 63 indivíduos assintomáticos estudados na China, havia evidências de que 9 (14%) infectaram outra pessoa.


No mesmo documento, a OMS alerta: "Os dados disponíveis até o momento, que tratam de casos de infecção em pessoas sem sintomas são decorrentes de um número limitado de estudos com pequenas amostras que estão sujeitas a revisões e não podem dizer se eles carregam a transmissão."




Rastreamento abrangente



Ao analisar o tema, Maria citava países com grande capacidade de testagem e rastreio. "Temos alguns relatos de países que estão fazendo rastreio de contatos muito detalhados, estão seguindo casos assintomáticos, seguindo contatos e não estão encontrando transmissões secundárias. É muito raro", disse van Kerkhove.



"Estamos constantemente olhando para esses dados e tentando obter mais informações para de fato responder a essa pergunta, [mas] ainda parece ser raro que um indivíduo assintomático transmita a doença", completou van Kerkhove.




A especialista pediu que os países se concentrassem naqueles que têm os sinais da infecção para tentar fazer o controle do vírus.








"Se de fato acompanhássemos todos os casos sintomáticos, isolássemos esses casos, rastreássemos os contatos e colocássemos esses contatos em 

quarentena, haveria uma drástica redução na transmissão. Se pudéssemos nos focar nisso, iríamos nos sair muito bem em termos de suprimir a transmissão", afirmou.




fonte: g1.globo

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