Lacuna de competências atinge 1,3 bilhão de trabalhadores
Com informações da CNI - 29/08/2019






 



Competências mundiais
Mais de 1,3 bilhão de trabalhadores no mundo deixa de atender às exigências dos empregos que ocupa, seja por falta ou por excesso de qualificação para a vaga.

Essa "lacuna de competências" custa cerca de 6% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. A conclusão é do relatório Missão Talento - Unicidade: um desafio global para um bilhão de trabalhadores, realizado pelo Boston Consulting Group (BCG), pela Rosaton, companhia estatal russa, e pela WorldSkills Rússia.

A WorldSkills é a maior competição de educação profissional do planeta. A cada dois anos, jovens de até 22 anos disputam medalhas de ouro, prata e bronze em provas que reproduzem o dia a dia das profissões. Cada ocupação tem provas específicas, nas quais os competidores precisam demonstrar habilidades individuais e coletivas para realizar provas que reproduzem o dia a dia do mercado de trabalho em padrões internacionais de qualidade.

No evento de 2019, o Brasil conquistou o terceiro lugar, atrás da China e da Rússia, sede do evento, e seguido pela Coreia do Sul. A próxima WorldSkills, em 2021, será realizada na China.

Lacuna de competências
O estudo incluiu entrevistas com 100 dirigentes de empresas em 12 países. O objetivo principal era pesquisar as melhores práticas em desenvolvimento de pessoas em comparação com o atual cenário de mudanças econômicas, tecnológicas e sociais sem precedentes.

O déficit de talentos é um "imposto" sobre a produtividade empresarial que pesa tanto para os indivíduos quanto para as empresas, e ocorre devido ao descompasso entre as qualificações de trabalho que estão em demanda e do que realmente está em oferta, diz o relatório.

Segundo dirigentes da WorldSkills, certas competências técnicas estão se tornando obsoletas de duas a três vezes mais rapidamente do que há 50 anos, o que está acentuando a lacuna de competências.

"No nosso projeto, prestamos muita atenção na qualidade das escolas de ensino médio e temos parcerias com universidades que capacitam nossos profissionais nas competências que precisamos", contou Tatyana Terentyeva, diretora de recursos humanos da estatal russa Rosaton. "As mudanças que estão ocorrendo no mundo são tão drásticas e rápidas que temos, junto com nossos parceiros, escolas e universidades, de buscar manter atualizados os programas de qualificação."

Para Jos de Goey, presidente da WorldSkills, o caminho para superar a lacuna de competências existente e evitar que ela se aprofunde é ofertar diferentes opções de formação para os jovens: "A resposta é: educação, educação e educação. Além disso, os governos devem assegurar que os investimentos não sejam apenas no ensino superior, em universidades, mas também na educação profissional."

Competências brasileiras
No Brasil, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) possui um observatório dos 28 setores da indústria para manter atualizados seus cursos, de acordo com as necessidades do mercado de trabalho. O Modelo SENAI de Prospecção permite prever quais serão as tecnologias utilizadas no ambiente de trabalho em um horizonte de cinco a dez anos, o que reduz a lacuna de competências e oferece os melhores talentos às empresas.

A metodologia já foi transferida a instituições de mais de 20 países na América do Sul e no Caribe. O método foi apontado ainda pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) como exemplo de experiência bem-sucedida na identificação da formação profissional alinhada às necessidades futuras das empresas.

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