O impacto de estudar fora para
uma carreira internacional
Uma experiência no exterior pode
ajudar o profissional a desenvolver habilidades essenciais para a carreira dos
sonhos. Veja a opinião de executivos!
Por
Nathalia Bustamante
Flexibilidade, adaptabilidade a
diferentes modos de pensamento e, naturalmente, domínio de línguas estrangeiras
são habilidades essenciais a quem deseja desenvolver uma carreira global. Esse
é o seu caso? Recrutadores são unânimes em dizer que para cargos em
organizações internacionais, empresas multinacionais ou consultorias estudar
fora é diferencial.
O inglês aumenta a média salarial
entre 10% e 15% na mesma posição
“O inglês aumenta a média
salarial entre 10% e 15% na mesma posição – inclusive no mercado brasileiro.
Para mercados internacionais, então, é pré-requisito”, afirma Ricardo Ribas,
gerente executivo da empresa de recrutamento Page Personell. Segundo ele,
atualmente apenas 4% dos profissionais no mercado têm domínio da língua
inglesa, o que mostra como ainda é relativamente pequeno o número de pessoas
que têm a oportunidade de estudar no exterior.
Ainda que essencial, dominar o
inglês é só o primeiro passo. Carlos Watanabe, diretor para América Latina na
Dolby Laboratórios, ressalta também a importância de conhecer outros idiomas:
“Noto que fazer negócios em inglês ou em portunhol, estando na América Latina,
não é visto com os mesmos olhos que negociar em espanhol. É essencial dominar o
idioma de onde se quer trabalhar”, explica.
A língua, porém, é apenas um dos
skills que um período de estudos no exterior pode oferecer. Há mais de 20 anos
viajando e morando em diferentes países por conta de sua carreira, Carlos sente
no seu dia-a-dia a aplicação de habilidades que adquiriu em experiências como
estágio e MBA no exterior. Entre elas, ele destaca ter resiliência e cabeça
aberta para as diferentes formas de trabalhar: “Uma das maiores diferenças que
sinto entre nosso modo de trabalho e a cultura anglo-americana são a
objetividade e pontualidade. Em reuniões nestes países, uma reunião agendada
para as 15 horas está, às 15h01, tratando do tema principal. No Brasil, temos
um período de assuntos amenos, como um aquecimento”, observa.
Vivemos um momento de mercado em
que pessoas em cargos gerenciais e de direção estão indo fazer MBA ou pós no
exterior porque não tiveram esta oportunidade antes
Quando ir? – Cada vez mais cedo, experiências internacionais têm
se tornado um diferencial. Segundo Ricardo, desde a seleção para programas de
trainee ela já é bem vinda e bem vista. “Vivemos um momento de mercado em que
pessoas em cargos gerenciais e de direção estão indo fazer MBA ou pós no
exterior porque não tiveram esta oportunidade antes. Talvez em 20 anos ela
passe mesmo a ser fundamental para a entrada no mercado de trabalho”, afirma.
O momento ideal para ir, porém, é
variável – cada contexto exige uma oportunidade diferente. “Há pessoas que vão
aos 40 porque sentem que o mercado ou um novo cargo exige aquela experiência.
Outros têm a oportunidade de ir mais cedo, aind ano ensino médio, para já
aprenderem um novo idioma. O importante é estar atento ao seu objetivo com aquele
curso: não adianta já ter domínio da língua e ir fazer apenas conversação, por
exemplo. Neste caso, é melhor fazer um curso na sua área, que aprofundará seus
conhecimentos técnicos e habilidades específicas”, explica o gerente.
Carlos aproveitou a oportunidade
de estudar fora em dois momentos diferentes de sua trajetória: durante o curso
de engenharia, quando fez um estágio de verão em uma companhia de engenharia na
Finlândia; e, mais tarde, ao arranjar uma transição da engenharia para a área
de gestão.
Logo ao entrar no mercado no
trabalho, seu estágio internacional fez a diferença para que fosse contratado
pela multinacional Schlumberger. “Esta experiência na Finlândia acabou
alavancando minha carreira internacional. Eles me contrataram avisando que, em
algum momento, eu seria expatriado – e já ter morado fora me deu a
possibilidade de afirmar aos recrutadores que eu tinha a maturidade
necessária”, explica ele, que morou no Egito, Colômbia, Peru e Argentina
durante os quatro anos que passou na empresa.
Não é só fazer as malas e ir. É
preciso aproveitar a oportunidade para desenvolver características e
habilidades que a sua carreira dos sonhos vai exigir
Após este período, decidido a
encaminhar sua carreira para uma área mais gerencial, optou por fazer um MBA na
Universidade de Michigan. “Até então, minha experiência tinha sido
essencialmente técnica. O MBA me abriu a cabeça em relação a outras disciplinas
que eu não tinha visto antes. Ele foi fundamental para que fizesse minha
transição para a gestão e possibilitou também todo o desenvolvimento posterior
da minha carreira”, considera.
Concluído o MBA, ficou três anos na consultoria McKinsey. Depois, assumiu posições de liderança em empresas de grande porte até chegar à diretoria na Dolby, onde está hoje.
Como afeta a
carreira? – Carlos considera um histórico com experiências
internacionais importante, mas não decisivo ao lidar com a sua equipe. “Dado o
mesmo grau de avanço na carreira, percebe-se que quem teve uma experiência mais
prolongada no exterior é naturalmente mais maduro. Mas isso não é um impeditivo
para contratação ou promoção, apenas conta a favor do candidato”, explica.
O executivo ressalta, porém, que
após um tempo a experiência internacional deve deixar de ser o ponto mais
relevante na trajetória do profissional. “Seria leviano afirmar que minha
trajetória se deve ao MBA ou ao estágio internacional. Deve-se, sim, ao
conjunto da obra”, argumenta.
Ricardo também aleta que
experiências no exterior obviamente não garantem, por si só, carreiras de
sucesso: “Muitos voltam com expectativas muito altas de colocação e salário,
sendo que a experiência nem sempre lhe garante estar capacitado para os cargos
almejados”. Para isso, é fundamental explorar ao máximo as oportunidades que
estar fora oferece, como criar um networking rico e cultivar a interação com
outras culturas. “Não é só fazer as malas e ir. É preciso aproveitar a
oportunidade para desenvolver características e habilidades que a sua carreira
dos sonhos vai exigir”, finaliza.
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